Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira constelada,
os botões,
alguns já com rosa pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
Meu desaponto com os limites do tempo
O grande esforço para que me entendam
pulverizam-se,
diante do recorrente milagre.
Maravilhosas faziam-se,
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá,
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão;
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede, ouro de corolas
e acreditai; perfumes,
só porque é setembro.
Adélia Prado