Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que ele vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Adélia Prado
Simplesmente lindo! Adélia, que entende a alma feminina como ninguém, nos presenteia com essa magistral demonstração de fé no amor, ainda que em plena meia idade.
ResponderExcluirSe, assim como ela, você também acredita que um dia o amor virá, ainda que seja preciso se fazer de santa ou doida, ou se simplesmente você adora esses versos, este é o seu lugar! (IT)
"O sonho encheu a noite
ResponderExcluirExtravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre."
Adélia Prado
Sonho com o amor, com carinho, com entendimento, com santidade, com doideiras... mas sempre com muito amor... esse amor que surge não se sabe de onde, mas se sente o quanto pode ser grande, sincero e verdadeiro... esse amor sorrateiro, nos tomando de interesse, de desejos, sanos e insanos de estar juntos, de conhecer cada vez mais a outra pessoa, a alma feminina de menina, de mulher, de madura... alma que pode ser tua.
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Bjs
Artur
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